Durante visita ao Catar, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reafirmou nesta quinta-feira (15) seu desejo de assumir o controle da Faixa de Gaza. Em resposta, o grupo Hamas rejeitou a proposta, classificando o território como inegociável e parte legítima da Palestina.
“Gaza não está à venda. É parte integrante do território palestino. Permanecemos comprometidos com nossa terra e com nosso povo”, afirmou Basem Naim, membro do Bureau Político do Hamas.
Trump, que está em giro pelo Oriente Médio, disse que os EUA poderiam transformar Gaza em uma “zona de liberdade”, após os 19 meses de guerra. “Se for necessário, ficaria orgulhoso se os EUA conquistassem Gaza e a tornassem uma zona de liberdade”, declarou, segundo a Reuters.
A infraestrutura de Gaza está praticamente destruída pelos bombardeios israelenses, com apoio militar e financeiro dos EUA. Em fevereiro, Trump já havia falado em transformar o enclave palestino em uma “Riviera do Oriente Médio”, após a emigração em massa de civis.
A proposta gerou forte reação internacional. Líderes palestinos, árabes, europeus e a ONU classificaram a ideia como tentativa de limpeza étnica.
O Hamas, considerado uma organização terrorista por países como EUA, Israel e União Europeia, afirmou que a paz só será possível com o fim da ocupação israelense. “Trump não alcançará um mundo mais seguro enquanto persistirem a guerra e o genocídio em Gaza”, disse Naim.
Raízes do conflito
O atual conflito começou em 7 de outubro de 2023, quando o Hamas atacou vilas israelenses, matando cerca de 1.200 pessoas e sequestrando outras 220. Israel respondeu com ataques em larga escala a Gaza, bloqueando ajuda humanitária desde março de 2025. Mais de 54 mil palestinos morreram desde então.
Basem Naim disse que o Hamas defende eleições livres e justas na Palestina e que já expressou disposição de transferir o controle administrativo de Gaza a um órgão palestino acordado nacionalmente.
“7 de outubro foi uma resposta à ocupação e à falha internacional em garantir uma solução justa”, declarou o líder do grupo.
Israel, por sua vez, afirma que só encerrará as operações quando o Hamas for destruído e os reféns forem libertados. Em maio, o governo de Tel Aviv aprovou um plano para conquistar e manter o controle de Gaza, o que analistas veem como tentativa de anexação do território.