O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, determinou nesta quinta-feira (6) que o Exército elabore um plano para permitir a “saída voluntária” de palestinos da Faixa de Gaza. A decisão ocorre após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter anunciado planos para assumir o controle do território, o que gerou forte condenação internacional.
Katz elogiou a proposta de Trump, que inclui o reassentamento de mais de 2 milhões de palestinos e a transformação da região na chamada “Riviera do Oriente Médio”. Segundo ele, os moradores de Gaza deveriam ter o direito de emigrar para outros países. O plano incluiria opções de saída por terra, mar e ar.
Críticas e repercussões internacionais
A proposta foi amplamente criticada, especialmente por líderes árabes e organizações de direitos humanos. O Hamas acusou Israel de tentar encobrir o fracasso militar na guerra em Gaza e afirmou que os palestinos não abandonarão suas terras.
O deslocamento de palestinos é um tema extremamente sensível no Oriente Médio. Segundo as Convenções de Genebra de 1949, o deslocamento forçado de uma população sob ocupação militar é considerado um crime de guerra.
A guerra em Gaza já dura 16 meses, forçando milhares de palestinos a se deslocarem em busca de segurança. Muitos afirmam que não deixarão o enclave por temerem um deslocamento permanente, como ocorreu na Nakba de 1948, quando centenas de milhares de palestinos foram expulsos de suas casas após a criação do Estado de Israel.
Posição de países europeus e árabes
Katz criticou duramente países como Espanha, Irlanda e Noruega, que se opuseram às ações militares de Israel e sugeriu que essas nações deveriam aceitar os palestinos de Gaza como refugiados.
“Esses países, que acusam Israel de crimes em Gaza, devem estar dispostos a receber os palestinos. Caso contrário, sua hipocrisia será exposta”, declarou Katz.
O ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, rejeitou a proposta, afirmando que “a terra dos habitantes de Gaza é Gaza” e que o território deve integrar um futuro Estado palestino.
Outros países, como Egito e Jordânia, também se posicionaram contra qualquer tentativa de deslocar os palestinos para além da fronteira, temendo que isso enfraqueça ainda mais as perspectivas de uma solução de dois Estados.
A Arábia Saudita rejeitou a proposta, enquanto o rei Abdullah da Jordânia, que se reunirá com Trump na próxima semana, reiterou que não aceitará qualquer tentativa de anexação de terras ou deslocamento forçado de palestinos.
Conclusão
O anúncio de Katz ocorre em meio às discussões sobre um possível cessar-fogo entre Israel e Hamas, mas a medida levanta preocupações sobre um possível novo capítulo de instabilidade no Oriente Médio. Enquanto a comunidade internacional condena a proposta, Israel mantém sua posição, aumentando as tensões diplomáticas e humanitárias na região.